sexta-feira, março 25, 2011

NO MEIO DO CAMINHO TINHA UMA PEDRA*

Prof. Sérgio Waldeck , Doutor em Linguística, professor na Unb.

Na ilustração abaixo, a Pedra da Roseta.

Se você pensou, por causa do título, que nosso tema de hoje seria sobre a famosa poesia de Carlos Drummond de Andrade (1902 – 1987), está inteiramente enganado. Como você sabe, essa poesia foi publicada em 1930 em Alguma poesia, e foi incorporada na Obra Completa da editora Aguilar em 1962.
O poema modernista gerou grandes celeumas entre leitores e críticos em razão de diferentes rupturas apresentadas contra os modelos tradicionais, tanto da poesia romântica, quanto da parnasiana. Com o objetivo de preservar as numerosas polêmicas geradas pelo poema,  Drummond publicou, anos depois, um livro sobre a história de sua pedra.
            Nossa pedra de hoje é outra, conhecida como Pedra da Roseta, teve crucial importância histórica, pois permitiu que decifrássemos a escrita egípcia e penetrássemos, assim, naquela cultura milenar. Tudo isso começou em 1798 quando Napoleão Bonaparte invadiu o Egito com o objetivo de atingir seu contumaz inimigo, a Inglaterra. Para a conquista do Egito, além de tropas militares, Bonaparte trouxe consigo arqueólogos e cientistas, pressentindo descobertas na terra dos faraós.
            Não deu outra, pois em 1799 os soldados de Bonaparte, em escavações próximas ao delta do rio Nilo, descobriram um bloco de basalto negro com cerca de 1m de altura e 70 cm de largura. Era a Pedra da Roseta.
A pedra que era um verdadeiro documento político louvava o rei Ptolomeu Epifânio em Menfins, no ano de 196 d.C. Ela apresentava três textos em três línguas diferentes: grega que podia ser lida e compreendida; mais duas indecifráveis: hieroglífica e demótica.
Apesar da descoberta dessa raridade trilíngue, os trabalhos de decifração desenvolveram-se com dificuldades por anos a fio, à semelhança do poema de Drummond em que a pedra nunca era ultrapassada nos versos.
Muitos eruditos trabalharam nessas tentativas de decifração, porém a figura mais significativa foi um jovem francês, Jean François Champollion (1790 – 1832) que dedicou 21 anos de sua breve vida a essa grandiosa pesquisa científica. Talentoso, precoce, ele se interessou pela pedra em 1801, portanto com onze anos de idade e dedicou-se a ela até 1822 quando conseguiu sua decifração.


 Fontes de consulta

ANDRADE, Carlos Drummond de. Obra Completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1962.
STÖRIG, Hans Joachin. Aventuras das Línguas. Uma história dos idiomas do mundo. 3 ed. São Paulo, Melhoramentos, 2006.
WYSE, Lis (org). O atlas das línguas. Lisboa: Estampa, 2001.

 Texto publicado em primeira mão no blog AO REDOR DA LÍNGUA, em 7/12/10

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