quinta-feira, outubro 23, 2008

O ÓDIO É BEM MAIOR!


Para Suelena e sua turma ortopterofóbica.


Ontem (21-10) choveu pra Noé nenhum botar defeito. Depois do forte temporal que desabou sobre a cidade, não é que uma velha barata foi se refugiar na área de serviço lá de casa. Soube dessa visita nenhum pouco ilustre mediante os dois gritos agudos de minha filha. Dizem que o medo feminino de baratas é ancestral. Corri ao encontro dos gritos e me deparei com uma cena comezinha. A menina em cima da cadeira e a um metro e meio, amarrotado e arquejante, o nefasto ortóptero.

Baratas são bichos repulsivos, indesejados, tradução da mais unânime repugnância. Entretanto, confesso que por um segundo não consegui vislumbrar mais do que um inseto fragilizado, desesperado, cheio de medo e susto. A pobre barata só queria se recuperar do terrível princípio de afogamento que possivelmente sofrera na tubulação de água fluvial. Abandonou o desconforto da boca de lobo inundada, antes seu aprazível lar, em busca da sobrevivência.
Esse átimo de compaixão me ocorreu logicamente antes de eu desferir uma vassourada certeira no vil inseto. O golpe o deixou em tremeliques, grudado no chapisco do muro. Afinal, o amor incondicional à vida deve ser instintivo, mas o ódio às baratas é bem maior. (alan)

terça-feira, outubro 21, 2008

TIRADA DE UM VELHO POETA

O velho poeta Oz, daltônico e maldito, envolto em sombras, nos vem com essa tirada cheia de ironia!



Então o amor é isso,Teresa
a quinta perna da mesa(inútil e estranho)
um troço assim meio louco
e sem tamanho.
(ozênio dias)

EM DEFESA DAS FORMIGAS


As formigas, pobres himenópteros, não têm culpa de os homens se projetarem nelas.

ninguém sabe realmente o que fazem nos seus buracos,

ninguém sabe se quando saem para buscar comida

não é porque consumiram o estoque numa tremenda farra.

CIGARRAS E FORMIGAS


feliz era a cigarra com sua viola,

antes do inverno

e das formigas na cola.

.

.

grande desforra:

formigas fazem farra,

com restos de cigarra.

.

.


todo dia, o dia inteiro,

metódica, a formiga trabalha...

um dia a formiga morre, como a cigarra.


(alan)

sexta-feira, outubro 17, 2008

QUAL SENTIDO?

As coisas são as coisas
o que se toma da realidade
são lampejos lógicos
fragmentos de impressão
costurados, emendados
com a grossa linha da emoção.

As coisas são as coisas,
não estão nas nossas mãos.
o que faz sentido já não é coisa
é estampa de tecido
textura da imaginação...
então, qual o sentido da vida?
qual o tecido da vida?
me explica, meu irmão?

Depende da espessura do fio,
que emendou lampejos;
depende da densidade do amor,
que escorreu entre os dedos;
depende da estopa da dor,
que encobriu os segredos;
depende do portador,
do tecelão de desejos.