sexta-feira, julho 14, 2006

FORA DA TEIA


FORA DA TEIA

Esta é a nossa resposta aos ideais: exercitar a existência fora da trama dos conceitos, fora das narrativas niveladoras, armadas para apagar as singularidades, senão o tempo todo, pelo menos em momentos cruciais. Procuramos deixar a força desterritorializada dos desejos furar as teias da normalidade, rasgando o manto de ilusão que acoberta ou sufoca as diferenças e as incertezas.

Somos a força que luta para desgarrar o rebanho. Amamos as ovelhas negras, os malditos, os odiados, os gauches, pois sabemos que algumas vantagens eles têm com relação à massa domesticada: burlam uma ou outra regra; quase sempre se negam a engrossar o coro dos satisfeitos e não embarcam facilmente em delírios coletivos, produzidos pelas máquinas publicitárias do poder.

Pois bem, voltem e releiam com calma o que escrevemos, reflitam com cuidado. O que estamos dizendo é muito grave. Estamos sugerindo que o grande problema é a crença incondicional na linguagem. É a devoção cega aos efeitos de identidade e permanência que ela instaura no real, deixando-o cada vez mais distante.

A linguagem é a nossa Matrix, guardadas as proporções, ela é a nossa Caverna de Platão, e tudo o que fazemos é mergulhar cada vez mais nas sombras das paredes, mantendo-nos de costa para o caos, para as contingências do mundo real.

alan oliveira machado

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