terça-feira, fevereiro 21, 2006

MACAQUINHOS PÓS-MODERNOS

Dura essa cultura da aparência. Tão rasa como uma poça de lama. Desejo volatilizado, disperso numa superfície eterna, profunda como a limpeza do OMO, pois só OMO limpa profundamente o que não tem profundidade. Parecer é Ser e assim segue a vida desse macaco em pedaços. Dessa alma da superfície arrebatada insistentemente por ventos contrários... Torvelinho sem rumo próprio, mas em constante direção ao consumo desenfreado, sobretudo o da imagem. Pareço ergo sum! Aí basta montar um visual de artista, de herói, de intelectual e tutti quanti para Ser e sangrar ou fazer sangue em causa própria. Mesmo que o artista não passe de imitação tosca e dasafinada, o herói não seja mais que um cagão omisso, o intelectual não passe de um plágio, de uma fachada sem escoras. Aos mais engomadinhos, basta abrir um flog, flog, flog, plantar a cara vazia e morta, cheia de mega pixels, de vento e de flato, cheia do que não tem raíz e oferecer o nada envolto na mais enganadora cosmética de sorrisos, poses e grunhidos idiomáticos:"-vc fkou linduxa nssa ft. tb naum pudia ser #!" Eis o primata civilizado, bitzado, pulverizado eletronicamente, simulacro de simulacro, desejo e ansiedade, implodido em mil pedaços... Link dentro de link... Mise en abyme...Melancólico, sombrio, frio e mórbido como um anoitecer no deserto. Ah, esses macaquinhos pós-modernos, exímios imitadores, símios imitadores, porque viver é imitar:ctrl/c, ctrl/c...ad infinitum. Aí bate aquela saudade de Aristóteles: " O imitar é congênito no homem (...)os homens se comprazem no imitado.". Em Aristóteles antes do imitar está o homem e após, está o prazer. Nos dias hodiernos, antes do imitar só há o vazio, o oco e depois a vaidade, a ansiedade crônica, o desespero interminável. HÁ BRAÇOS!

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