terça-feira, fevereiro 21, 2006

CEUBRAS NO FUNDO DO POÇO


Desculpem-me os novos moradores da Ceubras, mas espanto e perplexidade foi o que senti após Ter feito rápida leitura de um suposto Jornal da Ceubras, número 01 de 2006. Na verdade, depois da leitura voltei à primeira página para me certificar de que realmente estava lendo o modesto Jornalzinho da Ceubras. O fato é que da primeira a última página do referido boletim o assunto era o PT e o Núcleo de mentirinha de apoio ao PT de Uibaí. Há momentos em que o jornal, cujos textos curiosamente não são assinados, fala do PT como “nosso partido”. Aí eu pergunto: “nosso” de quem, cara pálida? Da Ceubras? E por acaso casa de estudantes tem partido? Ou a Ceubras já não é mesmo uma casa de estudantes e portanto sua história pode ser transformada em peça publicitária e seu espaço em comitê de partido, visando garantir o emprego de uma meia dúzia de uibaienses que vivem pendurados em bicos de sindicatos e gabinetes políticos de Brasília? Mas se isso for a realidade, devemos aceitar?
Os canabrabeiros que têm garantido seus empregos políticos às custas do nome da Ceubras, basicamente do nome, porque a casa há tempos não tem expressão coletiva alguma, nada fazem para reverter o quadro de abandono que aquela coletividade enfrenta. Entra ano sai ano os poucos uibaienses residentes quase nada aprendem sobre o que realmente significa uma moradia estudantil, sobre a autonomia e o caráter político desse tipo de coletividade.
A história da Ceubras inquestionavelmente está ligada à esquerda. Seus moradores desde a primeira geração sempre optaram, apesar das contradições, por atividades e discussões que ressaltassem a necessidade de combate às desigualdades sociais. Porém, a maioria dessas gerações, embora conscientes de suas opções políticas, jamais deixaram que o nome da casa se vinculasse a siglas partidárias. Em nosso entendimento, essa particularidade confirma a compreensão de que casa de estudantes é espaço de diversidade, debate de idéias, de convivência com diferenças, conflitos sociais e subjetivos os mais variados, sendo isso o motor do processo educativo que propicia o crescimento da consciência e naturalmente o fortalecimento da cidadania. Não convém a esse tipo de moradia assumir partido algum. Como espaços educativos, as Ceus devem se manter abertas, pois não existe processo educativo em espaços ideologicamente fechados, existe sim domesticação, bitolação, embrutecimento mental. O que se confirma, contudo, pela leitura do desfigurado Jornal da Ceubras-1 2006 é o contrário: a casa como rebanho uniformizado, com a consciência neutralizada, rotulada e carimbada com a sigla do PT. Creio que ninguém esperava ver uma entidade com a história da Ceubras reduzida a uma fachada, utilizada a bel prazer por oportunistas como os tais que são citados, salvo uma ou outra exceção, no correr da prosa panfletária e mal escrita do equivocado Jornal da Ceubras-1, 2006.
Nem as Ceus de Salvador e Feira, que receberam uma significativa verba, via gabinete do Deputado Zé das Virgens, tiveram coragem de fazer um jornal tão descaradamente petista. O Jornal Tribuna Estudantil, pelo menos o número a que tivemos acesso, manteve o nível de independência que convém a informativos de qualquer entidade que se pretende educativa. Exatamente essa deveria ser a atitude tomada pelo pessoal da Ceubras. Mas não, a Ceubras deve ter alcançado um novo patamar, o patamar da inexpressividade, da massa de manobra e que patamar, heim? Tomara que os novos moradores, nos quais sempre depositamos esperança, caiam a ficha e retomem o rumo da casa, sua autonomia política e seus projetos, dispensando a farisaica simpatia e boa intenção de certos uibaienses que dela se aproximam tão somente para poder associar o nome e a história de lutas da entidade a seus atuais interesses políticos particulares. (alan oliveira machado)

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