sexta-feira, agosto 19, 2011

CORPO E LINGUAGEM: UMA PROVOCAÇÃO

É extensa a polêmica, mas nem sempre visíveis os desencontros entre o que certas teorias do conhecimento propõem como locus da aquisição e do desenvolvimento da linguagem. Vem os cognitivistas e situam a interioridade mental como território privilegiado dessa gênese; saltam de outro lado os comportamentalistas e mapeiam o exterior, a repetição e os condicionamentos como território dessa origem. Espiando as polêmicas, os desentendimentos e as justificativas, a impressão que nos chega é que a linguagem é algo anterior a tudo isso. Seria o corpo apenas veículo da linguagem? A pensarmos assim, diríamos que ela (a linguagem) se imprime nos corpos e os marca com uma singularidade que será capaz ou não de seguir um fluxo permeável pelo social. O corpo seria então uma espécie de  argila moldável que vai ganhando forma mediante os açoites dos ventos simbólicos constantes. A intensidade dos ventos delinearia a densidade das marcas e a perenidade das cicatrizes. As marcas e cicatrizes seriam dutos ou depressões por onde o ir e vir do mundo simbólico nos  garantiria alguma existência subjetiva, embora instável. O certo é que um corpo traz sempre uma escrita, nem que seja feita de estilhaços de uma ordem que o dilacerou ou de uma desordem que vincou seus contornos no contato com alguma resistência.
alan machado Há braços!

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