É
extensa a polêmica, mas nem sempre visíveis os desencontros entre o
que certas teorias do conhecimento propõem como locus da aquisição
e do desenvolvimento da linguagem. Vem os cognitivistas e situam a
interioridade mental como território privilegiado dessa gênese;
saltam de outro lado os comportamentalistas e mapeiam o exterior, a
repetição e os condicionamentos como território dessa origem.
Espiando as polêmicas, os desentendimentos e as justificativas, a
impressão que nos chega é que a linguagem é algo anterior a tudo
isso. Seria o corpo apenas veículo da linguagem? A pensarmos assim, diríamos que ela (a linguagem) se
imprime nos corpos e os marca com uma singularidade que será capaz
ou não de seguir um fluxo permeável pelo social. O corpo seria então uma espécie de
argila moldável que vai ganhando forma mediante os açoites dos
ventos simbólicos constantes. A intensidade dos ventos delinearia a
densidade das marcas e a perenidade das cicatrizes. As marcas e
cicatrizes seriam dutos ou depressões por onde o ir e vir do mundo simbólico nos
garantiria alguma existência subjetiva, embora instável. O certo é que um corpo traz sempre uma
escrita, nem que seja feita de estilhaços de uma ordem que o dilacerou ou
de uma desordem que vincou seus contornos no contato com alguma
resistência.
alan machado Há braços!
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