segunda-feira, abril 11, 2011

A HISTÓRIA ORAL NA ATUALIDADE


Tradicionalmente, a História é feita com base no uso de documentos, artefatos e obras de arte ficando esquecida ou sendo pouco aproveitada a vertente estabelecida pelo conhecimento oral. Por outro lado há grupos acadêmicos de pesquisa que se dedicam ao estudo e análise da história preservada na memória popular, repassada oralmente de geração a geração. O trabalho desses grupos imprimiu o caráter científico à História Oral e se reflete na existência das diversas associações de estudo da história oral e na realização de importantes eventos nacionais e internacionais.

Ainda há muita controvérsia com respeito ao que venha a ser História Oral e quanto à validade científica de seus métodos. Como todo campo de atividade que busca a legitimação científica do seu fazer, o campo da historia oral tem suas fragilidades que decorrem às vezes do pouco domínio da metodologia outras vezes da complexidade do evento estudado que não raro exige conhecimentos que precedem o método ou o limitam.

A história oral pode ser entendida como o arquivamento das experiências de uma sociedade preservando o conhecimento e os costumes de determinado agrupamento humano. No uso das atribuições desse recente fazer científico, técnicas de coleta de dados devem ser respeitadas. Nesse sentido, três aspectos estarão presentes na coleta para produzir história oral: primeiro o entrevistador deve seguir um roteiro previamente estabelecido, em seguida ele deverá ter clareza a respeito do entrevistado, aquele que é portador de um determinado conhecimento e por último, deverá ter em conta a aparelhagem, de áudio ou audiovisual, e as condições de gravação. Esses três pontos são fundamentais para a produção do conhecimento científico tendo como matéria a oralidade.

Toda essa preocupação metodológica deve seguir critérios rígidos. As entrevistas, por exemplo, devem ser conduzidas sem induzir o entrevistado. Esse cuidado deve ser seguido principalmente no processo de degravação, ou seja, na produção do documento impresso a ser analisado pelo pesquisador, já que a distorção da informação compromete a fidelidade da produção do conhecimento conduzindo o pesquisador muitas vezes a erros graves. 

Existem três modos diferentes de se produzir História Oral. Pode-se produzi-la a partir de um relato individual de vida, história oral de vida; Pode-se chegar a sua constituição a partir de um tema específico, por exemplo: culinária, dança, religião, entre outros, que podemos chamar de história oral temática e, por último, pode-se produzir história a partir do que está consolidado pela oralidade, aí estar-se-ia trabalhando com a variante chamada de tradição oral

Desde 1947 até a atualidade a história oral vem se destacando enquanto produção científica.

Emerson Adriano Sill – historiador, Mestre em Educação pela UTP-PR.

Referências para Leitura
Manual de História oral – José Carlos Sebe Bom Muhy
Memória, Esquecimento, silêncio – Michael Pollak
História e Memória – Jacques de Le Goff


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