sexta-feira, fevereiro 24, 2006

A IMPORTÂNCIA DA CRÍTICA

A IMPORTÂNCIA DA CRÍTICA
A gente sabe que não é fácil, na luta social por mudanças, fazer a parte crítica. A crítica está sempre exposta ao ódio e ao destempero emocional dos setores criticados. Às vezes ela é acusada de pessimista, outras vezes de inconveniente, de sabe tudo e ainda de pessoalizar a discussão. Aí sempre aparecem aqueles revoltados que falam do estrago causado pela crítica, dos prejuízos sociais... Em Uibaí, por exemplo, muitos desses tagarelas emocionais, feridos em suscetibilidades, tendo expostas as incoerências pela ação crítica do Boca do Inferno, insistem em abafar o que está na cara: a crítica tem um lado educativo, de formação da cidadania fortíssimo e que contamina rapidamente a comunidade.
Sob outro ângulo já nos havíamos referido ao poder da crítica no texto O OLHAR QUE INCOMODA, ali falamos do papel normalizador da crítica, ou seja, se algum grupo prega X e vem praticando Y, talvez até sem se dar conta, afetado pela crítica que aponta tal incoerência, esse grupo, pego em saia justa, vai tender a regular sua prática de modo a normaliza-la. Na Canabrava não é difícil exemplificar isso, vejam o caso da VIII Seac: a Seac, organizada em ano eleitoral, caminhava para ser palanque político explícito da “ex-querda” uibaiense. Ocorreu que o Boca do Inferno, percebendo essa tendência, denunciou-a de tal forma que a cúpula “ex-querdista” recuou enraivecida, moderando a interferência no evento. Que houve domínio “ex-querdeiro” na Seac, houve, mas o teatro da hegemonia e unidade política foi ao chão e muito sujeito arrogante e autoritário teve de baixar a bola.
Outro exemplo bom do papel educativo da crítica foi a recente denúncia que fizemos sobre o Jornalzinho da Ceubras. Estivemos na casa de estudantes em Brasília e solicitamos informações sobre um Jornal da Ceubras, de janeiro de 2006, que estava em cima da mesa. Um dos moradores disse que o referido jornal tinha sido enviado para Uibaí e nos autorizou a levar uma cópia. Quando vimos que o jornal estava desfigurado como se fosse um panfleto do PT criticamos severamente. O que aconteceu? O jornal reapareceu limpinho, com poucas referências ao PT e ainda, no texto que sobrou se referindo ao partido, uma nota no pé da página informava cautelosamente que aquele espaço era para a divulgação de textos de grupos políticos que realizam atividades para a melhoria de Uibaí (jogadinha justificativa mais antiga, estamos por ver). Aí vale dizer: eles vão cumprir isso tanto quanto o Fantoche do Boca do Céu, que alardeou que a “imprensa” é livre e vetou direito de resposta no jornalzinho dele. De qualquer modo vocês podem ver que a crítica conteve a sanha “vermelha” dos montadores do jornal da Ceubras. O que eles aprenderam? Exatamente que não se pode entregar o nome e a história de uma entidade como a Ceubras de modo tão escroto. Que eles ficaram bravos, claro que ficaram, mas aprenderam! HÁ BRAÇOS... alan

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

O INDIVIDUAL E O SOCIAL


Penso que duas coisas deveriam estar no foco da atenção deste espaço de debate. A uma já me referi aqui: a divisão do comportamento político humano em individual e social, o que Aristóteles chama de ethos individual e ethos político. Aristóteles diz, em outras palavras, que por ser o homem inevitavelmente gregário, o ethos político é mais importante do que o individual. Então, vejam bem, neste espaço penso que quando se faz referência a alguém, não se o faz levando em conta o ethos individual, mas sim o político. Por exemplo: não nos interessa se Hamilton (político uibaiense) é um pai amoroso, um amigo divertido e alegre, importa-nos apenas que ele faz política e quer ter acesso à administração do bem público e já sabemos por experiências anteriores que suas ações são lesivas à coletividade, ou seja, o ethos político dele é um antiethos, melhor dizendo, ele é antiético. O mesmo podemos dizer sobre qualquer pessoa seja de esquerda ou direita: não nos interessa a vida pessoal, mas se a pessoa sobe num palanque as atitudes dela passam a nos interessar e se sua encenação se nos parece incoerente, temos o direito de criticá-la, independente de ela ser nosso irmão, cunhado, mãe ou tia, pois é o bem da coletividade que está em jogo e qualquer desvio ético pode ser danoso. Outra coisa que está passando da hora de ser debatida aqui e a liberdade, acho que este espaço é para discussão e não convém excesso de reservas com respeito ao ethos político. (alan oliveira machado, uibaionline, abril de 2004)

O OLHAR QUE INCOMODA

Por que atualmente grande parte do pessoal que ocupa a posição de esquerda em Uibaí foge do debate? Não é difícil responder essa pergunta: por insuficiência disciplinar! Se é por uma questão de disciplina temos aí dois problemas: ou a ação desse pessoal, que deveria ser disciplinada, é reflexo da medíocre formação teórico-ideológica que permite a qualquer debate esfacelar suas bases e desmoralizar seus líderes, uma vez que sua conduta redunda em contradições grosseiras entre comportamento e ideologia; ou a própria prática cotidiana desse pessoal se direciona a interesses sabidamente contraditórios que estrategicamente precisam ficar distantes da qualquer discussão para não despedaçarem o manto ideológico que sustenta a aparência de normalidade. Em suma, ou eles ignoram a incoerência ou, conscientes dela, procuram disfarçá-la. Evitar o debate pode ser uma ação estratégica: o olhar do outro certamente exerce algum controle sobre nós, o crivo do olhar induz à disciplina, portanto, um olhar competente lançado sobre o comportamento de um grupo incoerente, ao passo que exporá suas contradições, incomodamente forçará ocontrole de sua prática. O olhar só incomoda quem alimenta demasiadas ilusões sobre si mesmo, ou quem sabe que o que esconde pode ser mais desprezível do que o que mostra; quem sente que corre o risco de haver em si mesmo muito mais o que esconde do que o que mostra. A exposição desconfortável ao olhar perscrutador possivelmente provocará, num plano público, reações hostis. É provável que o grupo focado procurará desqualificar e desautorizar a fonte do olhar, no afã de se proteger. Se o olhar expôs o comportamento atípico desse segmento é natural que ele(o segmento) evite esse olhar, fuja dele o mais que puder. Se num primeiro momento é natural que se fuja ou evite o olhar que nos desnuda, por outro lado é pouco educativo cobrir os equívocos da nossa prática com o véu imaginário da indiferença. A única forma franca de neutralizar o olhar disciplinador seria aceitá-lo abertamente como instrumento para a nossa auto-regulação. Aceitar a forma franca de atenuar a força normalizadora do olhar exige habilidade política, capacidade de entender as forças que estão em jogo.
HÁ BRAÇOS: alan oliveira machado

terça-feira, fevereiro 21, 2006

MACAQUINHOS PÓS-MODERNOS

Dura essa cultura da aparência. Tão rasa como uma poça de lama. Desejo volatilizado, disperso numa superfície eterna, profunda como a limpeza do OMO, pois só OMO limpa profundamente o que não tem profundidade. Parecer é Ser e assim segue a vida desse macaco em pedaços. Dessa alma da superfície arrebatada insistentemente por ventos contrários... Torvelinho sem rumo próprio, mas em constante direção ao consumo desenfreado, sobretudo o da imagem. Pareço ergo sum! Aí basta montar um visual de artista, de herói, de intelectual e tutti quanti para Ser e sangrar ou fazer sangue em causa própria. Mesmo que o artista não passe de imitação tosca e dasafinada, o herói não seja mais que um cagão omisso, o intelectual não passe de um plágio, de uma fachada sem escoras. Aos mais engomadinhos, basta abrir um flog, flog, flog, plantar a cara vazia e morta, cheia de mega pixels, de vento e de flato, cheia do que não tem raíz e oferecer o nada envolto na mais enganadora cosmética de sorrisos, poses e grunhidos idiomáticos:"-vc fkou linduxa nssa ft. tb naum pudia ser #!" Eis o primata civilizado, bitzado, pulverizado eletronicamente, simulacro de simulacro, desejo e ansiedade, implodido em mil pedaços... Link dentro de link... Mise en abyme...Melancólico, sombrio, frio e mórbido como um anoitecer no deserto. Ah, esses macaquinhos pós-modernos, exímios imitadores, símios imitadores, porque viver é imitar:ctrl/c, ctrl/c...ad infinitum. Aí bate aquela saudade de Aristóteles: " O imitar é congênito no homem (...)os homens se comprazem no imitado.". Em Aristóteles antes do imitar está o homem e após, está o prazer. Nos dias hodiernos, antes do imitar só há o vazio, o oco e depois a vaidade, a ansiedade crônica, o desespero interminável. HÁ BRAÇOS!

CEUBRAS NO FUNDO DO POÇO


Desculpem-me os novos moradores da Ceubras, mas espanto e perplexidade foi o que senti após Ter feito rápida leitura de um suposto Jornal da Ceubras, número 01 de 2006. Na verdade, depois da leitura voltei à primeira página para me certificar de que realmente estava lendo o modesto Jornalzinho da Ceubras. O fato é que da primeira a última página do referido boletim o assunto era o PT e o Núcleo de mentirinha de apoio ao PT de Uibaí. Há momentos em que o jornal, cujos textos curiosamente não são assinados, fala do PT como “nosso partido”. Aí eu pergunto: “nosso” de quem, cara pálida? Da Ceubras? E por acaso casa de estudantes tem partido? Ou a Ceubras já não é mesmo uma casa de estudantes e portanto sua história pode ser transformada em peça publicitária e seu espaço em comitê de partido, visando garantir o emprego de uma meia dúzia de uibaienses que vivem pendurados em bicos de sindicatos e gabinetes políticos de Brasília? Mas se isso for a realidade, devemos aceitar?
Os canabrabeiros que têm garantido seus empregos políticos às custas do nome da Ceubras, basicamente do nome, porque a casa há tempos não tem expressão coletiva alguma, nada fazem para reverter o quadro de abandono que aquela coletividade enfrenta. Entra ano sai ano os poucos uibaienses residentes quase nada aprendem sobre o que realmente significa uma moradia estudantil, sobre a autonomia e o caráter político desse tipo de coletividade.
A história da Ceubras inquestionavelmente está ligada à esquerda. Seus moradores desde a primeira geração sempre optaram, apesar das contradições, por atividades e discussões que ressaltassem a necessidade de combate às desigualdades sociais. Porém, a maioria dessas gerações, embora conscientes de suas opções políticas, jamais deixaram que o nome da casa se vinculasse a siglas partidárias. Em nosso entendimento, essa particularidade confirma a compreensão de que casa de estudantes é espaço de diversidade, debate de idéias, de convivência com diferenças, conflitos sociais e subjetivos os mais variados, sendo isso o motor do processo educativo que propicia o crescimento da consciência e naturalmente o fortalecimento da cidadania. Não convém a esse tipo de moradia assumir partido algum. Como espaços educativos, as Ceus devem se manter abertas, pois não existe processo educativo em espaços ideologicamente fechados, existe sim domesticação, bitolação, embrutecimento mental. O que se confirma, contudo, pela leitura do desfigurado Jornal da Ceubras-1 2006 é o contrário: a casa como rebanho uniformizado, com a consciência neutralizada, rotulada e carimbada com a sigla do PT. Creio que ninguém esperava ver uma entidade com a história da Ceubras reduzida a uma fachada, utilizada a bel prazer por oportunistas como os tais que são citados, salvo uma ou outra exceção, no correr da prosa panfletária e mal escrita do equivocado Jornal da Ceubras-1, 2006.
Nem as Ceus de Salvador e Feira, que receberam uma significativa verba, via gabinete do Deputado Zé das Virgens, tiveram coragem de fazer um jornal tão descaradamente petista. O Jornal Tribuna Estudantil, pelo menos o número a que tivemos acesso, manteve o nível de independência que convém a informativos de qualquer entidade que se pretende educativa. Exatamente essa deveria ser a atitude tomada pelo pessoal da Ceubras. Mas não, a Ceubras deve ter alcançado um novo patamar, o patamar da inexpressividade, da massa de manobra e que patamar, heim? Tomara que os novos moradores, nos quais sempre depositamos esperança, caiam a ficha e retomem o rumo da casa, sua autonomia política e seus projetos, dispensando a farisaica simpatia e boa intenção de certos uibaienses que dela se aproximam tão somente para poder associar o nome e a história de lutas da entidade a seus atuais interesses políticos particulares. (alan oliveira machado)

FORISMO E FANTASIA: February 2006

Embora escrito há praticamente 1ano, ainda acho válida a seguinte provocação:

Olha, penso que a gente tem que parar com esse papinho cheio de compaixão, cheio de laivos cristãos com respeito a quem está em Uibaí. O povo de Uibaí já se preocupou com alguma porrada, gás lacrimogêneo, processos judiciais, perseguições etc, problemas pelos quais passamos em nosso cotidiano de luta, com o fito de melhorar o país, nos exílios onde vivemos? Ou eu estou enganado e as pessoas que estão discutindo aqui (no uibaionline) não cultivam uma prática política cotidiana?
Esse tipo de fragilidade do povo, subentendida aqui em vários textos e apregoada em outros tantos, reflete a meu ver mais uma construção imaginária de quem enuncia do que do povo de Uibaí. Não estou querendo com isso dizer que não haja problemas e perigos em Uibaí. Penso apenas que os há em qualquer espaço social. E é ingênuo (para não dizer algo mais pesado) achar que iremos resolvê-los. Nós não somos salvadores de Uibaí, isso é um titanismo romântico que invariavelmente engendra autoritarismo nas relações com o povo. Não raro, as pessoas que se intitulam salvadoras de outras tendem a infantilizá-las, a dar-lhes ordens e cercear-lhes os gestos e desejos. Tendem a ser mais normativas do que construtivas. E não raro também são vítimas da transferência negativa, ou seja, o grupo “salvo” explode o vínculo com o “salvador”, produzindo neste o desencanto: "o povo é traíra; esses desgraçados merecem é sofrer mesmo." Assim ouvi muitos desabafarem, salvo engano até mesmo neste espaço, na ocasião da última derrota eleitoral.
Quero apontar, com esta rápida reflexão, a necessidade de uma estratégia de ação que não configure ação para o povo nem ação sobre ele, mas ação com, ação entre. Não se leva consciência a ninguém. Ouvi por muito tempo meus chegados de esquerda com esse papo de "vamos conscientizar o povo". Consciência se constrói no cotidiano, no embate, na relação franca e honesta no meio social. Temos então que preparar a horta para que nasça a consciência. E o que é isso? No plano pragmático estamos no caminho certo: fazendo eventos sociais e culturais, publicando informativos para gerar debate e discussão, oferecendo a nossa formação intelectual à comunidade etc. O que temos que corrigir a meu ver então são esses hábitos titânicos que trazemos interiorizados e que sabotam nossas boas intenções. Quando a gente do Boca do Inferno, por exemplo, se desdobra para refletir, para tocar em feridas e em hábitos nefastos, fazemos isso exatamente com a consciência de que precisamos manter o ambiente uibaiense em constante ebulição. A inquietude e o mal-estar que a crítica gera, fazem pensar, fazem circular idéias, fazem surgir alternativas de ação e de resistência.
(alan oliveira machado, uibaionline, 11 de abril de 2005)

viva a inquietude

AQUI: ALAN OLIVEIRA MACHADO
Meus amigos, afetos e desafetos, neste momento abro mais um espaço para a agitação, porque quem fica parado é poste ou mijador de cachorro. O objetivo deste espaço é criar uma interação mais íntima como meus amigos, amigas e conterrâneos. Criar uma interação que, pontuada por questionamentos, dúvidas, perturbações de ordem variada, acirre em nós os conflitos, gerando teses, antíteses e sínteses ou simplesmente linhas de fuga, tangentes, intensidades, nomadismos, bricolagens... Este espaço é pra pulsar! latejar! ferver, fazer máscaras balançarem ao sabor da existência e de todas as facetas que ela nos oferecer.... HÁ BRAÇOS alan